quinta-feira, 18 de junho de 2009

CASE - Olhos nos Olhos

Relacionamento é um processo mútuo de construção de confiança e credibilidade. E o papel de um sistema de informações é assegurar a condição ideal para o funcionário estar informado.
André Senador*

Aproximar pessoas. Estabelecer uma comunicação direta olhos nos olhos. Tudo isto é determinante para a credibilidade de uma relação entre funcionários e empresa. Como então estabelecer um processo eficiente de comunicação interna quando os funcionários podem ser centenas ou milhares de pessoas?Para alcançar o sucesso é preciso determinar, justamente, qual a capacidade da organização em apresentar informações de forma regular, integrando os funcionários aos objetivos da empresa e ao mesmo tempo, atendendo as expectativas de quem ali trabalha e precisa saber o que acontece em volta dele.Uma imagem positiva é determinada pela credibilidade. E credibilidade se constrói por meio de um processo constante de troca. Não se trata de oferecer apenas "boas novas". O que deve ser construído é uma plataforma de relacionamento e informação, tanto para registrar fatos positivos, como para assumir os momentos menos brilhantes na vida de uma organização.As pessoas percebem quando estão sendo "administradas", mesmo que não se manifestem neste sentido. Daí o porquê de informativos com notícias irrelevantes ou comunicações que falem "apenas" das grandes conquistas possam levar à desconfiança sobre o processo.Na essência, as pessoas buscam a segurança, a certeza de que podem confiar na entidade para a qual decidiram trabalhar. É falso pensar que isto só é alcançado com boas notícias. Relacionamento é um processo mútuo de construção de confiança e credibilidade. E o papel de um sistema de informações é assegurar, justamente, a condição ideal para o funcionário estar informado. Isto pode ser alcançado por meio de diferentes formas: quadros, jornais, intranet ou da forma que melhor convier a cada organização. O fundamental é que o sistema garanta a abertura de informações com a população que se pretende atingir, oferecendo a real oportunidade de se conhecer "o que vai por aí".Na experiência que vivemos na DaimlerChrysler - onde somos cerca de 12 mil pessoas trabalhando em três unidades no Brasil: São Bernardo do Campo (SP), Juiz de Fora (MG) e Campinas (SP) - atuamos na forma de um sistema integrado que contempla a utilização de diferentes instrumentos. Temos, por exemplo, um jornal mensal "Nós DaimlerChrysler", em que a expressão "Nós" procurou representar a abordagem do trabalho em equipe. Este jornal passou a conviver com informativos semanais, quadros de avisos e, mais recentemente, com a intranet. Para este instrumento virtual, aliás, que possibilita um extraordinário campo de possibilidades, deve-se considerar, porém, pelo menos do ponto de vista de uma indústria, que nem todos os operários podem ter acesso regular a um terminal de computador.Neste sentido, o boletim semanal "Em foco" publicado há 15 anos, cumpre importante papel ao utilizar informações da empresa e, ao mesmo tempo, publicar informações de serviço e de interesse da coletividade e seus familiares. Tal conceito nos levou à conquista em 2002 do Prêmio ABERJE-SP, na categoria Boletim Interno.Este conjunto de informações, operando de forma organizada, nos permite manter informado o conjunto dos funcionários de nossa empresa que apenas na unidade de São Bernardo do Campo mantém quase 10 mil pessoas, praticamente uma "cidade". A criação deste sistema de comunicação interna se baseou nos seguintes aspectos:1- realização de amplo diálogo com os dirigentes de várias unidades para conhecer suas necessidades e posições;2- desenvolvimento de uma pesquisa de opinião com representativa amostra de funcionários de diferentes setores, visando conhecer suas expectativas, bem como suas sugestões;3- centralização da coordenação das informações em uma área de comunicação;4- adoção de dois conceitos para determinar a utilização das informações. O "corporativo", isto é aquele em que a informação é comum a todas as unidades e o "local", que é a informação de interesse específico da unidade.É importante ressaltar que foram adotados também padrões de identidade corporativa e comunicação visual em acordo com as posturas da empresa. Todas essas práticas foram desenvolvidas em um processo de discussões internas que durou cerca de um ano e foram aprovadas pela alta administração da empresa, que passou a estimular a divulgação de informações através deste modelo.Estes instrumentos funcionam, fundamentalmente, oferecendo a base para as relações entre as áreas ou entre diferentes níveis e equipes. Porque, na verdade, nada vai substituir a mais preciosa das ferramentas de comunicação: a informação "olhos nos olhos".

(*) André Senador é diretor-adjunto de comunicação corporativa da Daimler Chrysler.

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