quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

INTRODUÇÃO

No Brasil, a comunicação organizacional passou a ter maior importância com o desenvolvimento econômico, social e político, ocorrido no final da década de 60. Naquela época, as empresas sentiram a necessidade de estabelecer um relacionamento saudável com a sociedade que havia se tornado mais consciente, do ponto de vista social e ambiental. Com isto, as empresas passaram a agir com maior transparência em relação às suas atitudes e comportamentos diante do mercado.

Atualmente, vivemos em um mundo competitivo, no qual a tecnologia e a globalização provocaram uma verdadeira revolução na sociedade. Devido a isso, as organizações perceberam a necessidade de trabalhar sua imagem para se diferenciar dos concorrentes. Com isso, a comunicação organizacional assumiu um papel fundamental nas instituições, uma vez que possibilita a abertura de canais de relacionamento entre a empresa e seus públicos de interesse. Segundo Margarida Kunsch (2003), para promover o relacionamento com os diversos públicos da organização, a comunicação organizacional possui quatro vertentes, sendo comunicação institucional, comunicação administrativa, comunicação mercadológica e comunicação interna. Para este projeto experimental interessa compreender e aprofundar a discussão sobre a comunicação interna.

A comunicação interna é um fator estratégico para o sucesso das organizações, pois, espera-se proporcionar melhorias nos resultados dos negócios, humanizar as relações de trabalho, fazendo com que o funcionário se sinta parte da instituição e, ainda, promover a identidade da organização junto aos seus públicos. As informações e o conhecimento devem ser disseminados em toda a organização, desde a alta diretoria até os funcionários da base, sendo todos responsáveis pela comunicação. O maior desafio da comunicação interna é fazer com que a comunicação se torne institucionalizada dentro da empresa, que faça parte do cotidiano das pessoas e que, ao receber uma informação, o colaborador tome a iniciativa de dividi-la com seus subordinados.

Para que a organização obtenha sucesso é necessário que a mesma tenha a capacidade de apresentar informações, integrando os funcionários aos seus objetivos e ao mesmo tempo buscando atender as expectativas das pessoas que trabalham ali, ou seja, criar um clima organizacional favorável para alcançar seus objetivos. Neste contexto, a comunicação interna surge como ferramenta para integrar empresa e funcionários.

A proposta deste trabalho consiste em realizar um planejamento de comunicação interna para o Vicariato Episcopal para Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte, buscando a interação entre seus gestores e funcionários, a melhoria do clima organizacional e a melhoria de resultados.

O Vicariato é uma instituição da Igreja Católica, sem fins lucrativos, que visa articular as forças atuantes na sociedade em busca de promover a melhoria da condição de vida da população marginalizada. A instituição é composta por um vigário, que é o presidente, secretarias, núcleos, paróquias e pastorais sociais.

A elaboração deste planejamento tem o intuito de favorecer a comunicação entre o Vicariato e os seus setores e, assim, melhorar o atendimento e a articulação das forças atuantes na sociedade civil, tendo como espírito norteador a pedagogia de Jesus.

A prática de Jesus, profundamente marcada pela fidelidade ao Pai (na Sagrada Escritura, nos fatos, nas pessoas e suas atitudes, nos pais, na sua condição de pobre, na tradição e nos superiores, na luta e na oração) evidencia sua clara e inequívoca opção pelos pobres e por todos os que não tinham lugar no sistema social de sua época. Por meio de um levantamento das pessoas com quem Jesus convivia, emergem pistas concretas para uma política social capaz de inspirar novas práticas em vista da construção da sociedade justa e fraterna. (ARQUIDIOCESE DE BELO HORIZONTE, Anteprojeto de Política Social, p. 11)

O Vicariato, como organização, presta serviços nas áreas de assistência social e defesa de direitos, da habitação, geração de trabalho e renda (na perspectiva da Economia Popular Solidária), bem como contribui de maneira expressiva no atendimento à população carente, por meio de projetos específicos desenvolvidos pelas pastorais sociais. O quadro de colaboradores das pastorais é formado por funcionários e voluntários que propagam na sociedade estes serviços, ajudando a conscientizar as pessoas de seus diretos e deveres, reinserindo-os, se necessário, na sociedade.

Para atingir o objetivo deste projeto, deve-se pensar em estratégias que trabalhem a comunicação em todos os sentidos, de forma integrada, buscando a valorização da cultura interna e a interação entre todos os funcionários e colaboradores. A comunicação interna deverá trazer resultados positivos para a organização como um todo, a partir do diálogo e do relacionamento entre os setores, ou seja, desde o acolhimento às pessoas atendidas pelo Vicariato até o nível mais alto, a presidência.

Uma maneira (intuitiva e não “definitória”) de referir-se à interação comunicacional é considerar que se trata aí dos processos simbólicos e práticos que, organizando trocas entre os seres humanos, viabilizam as diversas ações e objetivos em que se vêem engajados (por exemplo, da área política, educacional, econômica, criativa, ou estética) e toda e qualquer atuação que solicita co-participação. (BRAGA, 2001, p. 17-18)

Nessa perspectiva, a comunicação interna como vertente do campo da Comunicação Organizacional propõe uma comunicação entre todos os funcionários e voluntários da instituição.

Faz-se necessário, nas instituições, uma busca constante pela evolução organizacional e um eficiente processo que envolva especialmente a interação comunicacional, a qual se caracteriza como um processo simbólico e prático, possibilitando, assim, trocas entre os indivíduos, melhorando, portanto, as ações, os fins propostos e quaisquer tipos de situações que peçam co-participação dos funcionários e voluntários.

Para França (2004), as mediações referem-se às nossas práticas sociais, ao comportamento exercido nos ambientes cultural, histórico e cotidiano, sua reflexividade e seu modo de agir. As representações são produzidas no interior dos processos sociais, externando diferenças e movimentos da sociedade.

As mediações nos conduzem a pensar a comunicação sob o prisma da ação dos homens no mundo; a resgatar os contextos sócio-históricos e culturais, onde se dão essas ações; a pensar a dinâmica instauradora de sentido no bojo das interações sociais, das ações reciprocamente referenciadas dos sujeitos sociais. Representações, portanto, existem “processos” por filtros cognitivos dos indivíduos e no contexto de suas experiências e relações; elas existem dentro e enquanto práticas comunicativas. (FRANÇA, 2004, p.9)

A metodologia deste projeto baseia-se em pesquisas diversas, a começar pelo levantamento histórico da instituição, no qual foram reunidas informações sobre o Vicariato, em outubro de 2008, fundamentais para o planejamento deste projeto. Paralelo a este histórico, foi realizada uma pesquisa bibliográfica para possibilitar a compreensão de conceitos importantes da comunicação organizacional, assim como de comunicação interna e articulação teórica das estratégias e ações do projeto a ser elaborado. Muitos pesquisadores foram consultados, como Gaudêncio Torquato, Wilson Bueno, Margarida Kunsch e Marcélia Lupetti, entre outros.

Para detectar os possíveis problemas de relacionamento na instituição, foi realizada uma pesquisa de campo, por meio de visita à instituição com o intuito de conhecer, fotografar e, posteriormente, analisar tudo que de alguma forma tivesse a função de informar, de comunicar algo dentro do Vicariato. Realizou-se, também, uma pesquisa qualitativa utilizando o método de entrevista em profundidade. Alguns funcionários e voluntários do Vicariato foram escolhidos de forma estratégica para participarem das entrevistas. Por meio destas entrevistas e das imagens feitas durante a pesquisa de campo, pode-se detectar sérios problemas de comunicação interna na instituição. A partir destas conclusões, apresentamos propostas de ações que condizem com a comunicação interna, a fim de contribuir para que o Vicariato tenha maior êxito em suas ações.

Com o planejamento de comunicação, este projeto contempla, conceitualmente, os aspectos que envolvem o planejamento de comunicação das organizações, buscando facilitar a comunicação entre os Núcleos, Secretarias, Pastorais Sociais, Paróquias e o Vigário da instituição; criando um ambiente cooperativo entre os setores, mantendo as informações atualizadas, favorecendo e fortalecendo a identidade do Vicariato.
Em virtude do exposto acima, este trabalho beneficiará diretamente os funcionários e voluntários do Vicariato Episcopal para Ação Social e Política, promovendo harmonia e bom relacionamento no trabalho e, indiretamente, um público atendido pela instituição, que é de aproximadamente 172.000 pessoas por mês. E ainda, o próprio grupo de Produção Editorial que, ao realizar este projeto experimental, experimentou a prática dos conhecimentos e conteúdos ministrados em diversas disciplinas ao longo da graduação.

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